20 de setembro de 2010

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"a maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama" - blaise pascal

morreste-me. nos braços. nos meus braços.
e eu continuei a ajeitar-te a roupa da cama. a esticar o braço, para te tocar, enquanto dormias.
continuei a cuidar-te, mas tu já não existias.
mas eu continuava a ver-te. a ouvir-te. a sentir-te ao meu lado.
de uma forma meio transparente, pouco definida - deveria ter dado atenção a esses sinais e perceber que poderia ser uma alucinação minha, mas não dei.
morreste-me de repente. sem avisar que ías deixar de existir.
e durante este tempo eu neguei-me esse facto.
mas, hoje, já não te vejo. já não te ouço. já não te sinto.
morreste-me. egoistamente, como é com todos os que morrem.
deixam-nos a herança, mas também o luto.