7 de outubro de 2010

da aceitação

vamos rezar em conjunto pela aceitação.
vamos fazer um esforço conjunto para aceitar.
para sermos grandes na calamidade.
demos as mãos espiritualmente e acreditemos que, em mal maior, nos teremos uma à outra.
e aceitemos o que a vida nos trouxe.
procurando afastar a mágoa. a própria e a direccionada para a outra.
façamos um esforço para não nos penalizarmos mais. pelo que fizemos, pelo que não fizemos, pelo que poderíamos ter feito e não fomos capazes.
rezemos para afastar isso de nós.
e vamos aceitar.
só temos esse caminho: ACEITAR.
procurar tranquilidade no que aconteceu. acreditar que o tempo nos vai dar o que merecemos.
entreguemo-nos a isto que a vida nos trouxe: o desencontro.
com a mesma esperança que aceitámos o encontro.
temos de nos agarrar a isto. temos de ter uma fé inabalável que isto não nos pode ter acontecido de forma inócua. tem de ter um sentido.
e para termos direito à recompensa, o sentido, temos de ser suficientemente despojadas para nos deixarmos ir.
para nos entregarmos inteiras, despidas, à nossa condição actual.
vamos acreditar que não nos perdemos. que na dificuldade estamos aqui a um passo.
e aceitar.
não perdemos nada. só alterámos estatutos.
acredito que assim será mais fácil o dia a dia, o encontro esporádico, o reencontro.
temos de ser corajosas.
vamos fazê-lo juntas?

20 de setembro de 2010

...

"a maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama" - blaise pascal

morreste-me. nos braços. nos meus braços.
e eu continuei a ajeitar-te a roupa da cama. a esticar o braço, para te tocar, enquanto dormias.
continuei a cuidar-te, mas tu já não existias.
mas eu continuava a ver-te. a ouvir-te. a sentir-te ao meu lado.
de uma forma meio transparente, pouco definida - deveria ter dado atenção a esses sinais e perceber que poderia ser uma alucinação minha, mas não dei.
morreste-me de repente. sem avisar que ías deixar de existir.
e durante este tempo eu neguei-me esse facto.
mas, hoje, já não te vejo. já não te ouço. já não te sinto.
morreste-me. egoistamente, como é com todos os que morrem.
deixam-nos a herança, mas também o luto.

10 de agosto de 2010

da terra

sabes como se prepara uma terra em pousio, para ser novamente plantada?
vou-te contar.
como é natural, por cima já está coberta de umas ervas que cresceram soltas.
abre-se uma pequena vala e rapa-se a erva para dentro dela. e envolve-se com a terra que saiu da vala.
isto de forma sistemática, até o pedaço de terra que queremos utilizar estar completamente preparado.
com este procedimento, temos duas acções que irão trabalhar em conjunto: oxigena-se a terra e utiliza-se as ervas, que não estavam lá a fazer nada, para adubo.
depois, rega-se bem, para a terra ficar macia.
e pronta a receber o que lá queiramos semear ou plantar.
mãos impreparadas, como eram as minhas nas vezes que o fiz, poderão ficar magoadas e com pequenos calos.
mas a satisfação final, compensa tudo isso.
e os calos desaparecem.

25 de março de 2010

15 de março de 2010

ao virar da esquina

nunca imaginei que se pudesse ser tão feliz na área de restauração de um centro comercial - até te ter ali sentada ao meu lado, hoje.
não há por que complicar a vida - a felicidade está mesmo ali ao nosso alcance.